Bright Innocence

domingo, 27 de março de 2011

Créditos Finais

As letras subiam na tela, os nomes passavam lentamente, calmamente, o relógio marcava o tempo de um momento. Eu permaneci ali, invisível no canto da sala do cinema.
Era fácil se esconder no escuro da sala -e da noite, meu olhar percorreu a sala quase vazia, e me coloquei a observar quem e o que acontecia a minha volta. Observei um senhor, eu chutaria uns 70 anos, deveria ser aposentado, ele quase não piscava, sua expressão era uma mistura de rude e gentil, talvez ele tivesse mais entediado com sua vida do que com aquele momento. Observei um casal mais a frente, eles permaneciam abraçados coxixavam muito e aparentemente estavam felizes demais naquela condição, dava pra ver que não existiam as fraldas sujas, as noites de insônia e as constantes brigas de casal. Uma mulher vestida impecavelmente, cheia de anéis nos dedos e maquiagen extravagante, ela possuía um ar de mulher culta, talvez tivesse alcançado a profissão de seus sonhos e alcançado a solidão nos anos seguintes, tristes e melancólicos. Havia um garoto, ele mordia o canudo do refrigerante e tinha um ar de "tanto faz, tanto fez" sem nenhum objetivo de vida aparente.
Observei seres humanos.
Quando os caminhos se cruzam, quando os momentos acontecem, quando o presente não é suficiente, quando queremos nos ocultar, quando queremos usar uma capa invisível onde ninguém pode nos enxergar, quando queremos refletir, quando somente queremos respirar. Afinal, a vida é como num filme, momentos de terror, drama, suspense, comédia e Romance, a única diferença é que ela não é escrita, e não temos um roteiro a seguir. Vivemos de momentos inesperados e lidamos com o desconhecido todo o tempo, até que a cortina se fecha, as luzes se apagam, e o coração se torna morteiro ou somente até que os créditos finais aconteçam.

Edição Visual, Projeto Bloínques.

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